Após
assistir a matéria da TV Record sobre o acidente
que vitimou um rapaz no Guarujá, me senti culpado
pilotando meu jet, pois o mesmo foi retratado como “veiculo
diabólico” ou algo do gênero... baita
sensacionalismo! A Globo fez uma matéria retratando
o tema, onde o repórter até aluga o jet sem
habilitação, nem instrução mínima
por parte dos locatários, e constata que a prática
é freqüente. A matéria foi muito mais
objetiva e não sensacionalista como a da concorrente,
querendo colocar todo os condutores de jet ski como ameaça.
Esse pontos de locação são antigos,
pergunto: Será que as autoridades competentes não
sabem dessa prática???
Pelo que pude apurar através da noticia, é
que o acidente foi o mais básico de quem começa
a andar de jet, ou aluga um, por ser relativamente fácil
de pilotar, depois de algum tempo os condutores creem que
dominam a máquina, e começam a tirar “
fininha” uns do outros, até, claro, que um
erra o cálculo, ou cai na água por não
serem tão bons assim e está feita a tragédia!
Já vi isso acontecer inúmeras vezes, e esse
tipo de brincadeira é uma das coisas mais perigosas,
mas será culpa dos condutores, de quem alugou, ou
da capitania dos portos com suas leis e fiscalização
arcaicas e fiscalização ineficiente!
O que ninguém explica, nem quem aluga os jets, nem
quem vende, nem a capitania dos portos no exame de habilitação,
é que jet ski é movido por hidro-propulsão,
ou seja, se não tiver aceleração também
não há direção, quer dizer,
a primeira reação das pessoas diante de um
eventual obstáculo a sua frente, seja um banhista,
outro jet, uma lancha etc.., é parar de acelerar
e virar o guidão para mudar de direção,
o que não adianta, pois o jet sem aceleração
vai reto, e atinge o objeto a sua frente em vez de desviar.
Esse item deveria ser o primeiro a ser explicado por aqueles
que se dizem responsáveis por normatizar o setor,
mas no entanto não é nem comentado durante
a prova para aquisição da carteira.
Parece que posso ver mais esse acidente acontecendo, os
amigos brincando de tirar “fininha”, um cai
na água, o outro tenta desviar, mas não tem
a técnica, porque nunca lhe foi instruído
sobre o que fazer, perfeita receita para uma tragédia.
Quantos outros já vi acontecer iguais, que felizmente
não acabaram em morte, mas perna quebrada e outros.......
No exame para tirar o “Arrais Amador”, que é
a carteira mínima para se conduzir um jet- ski, não
cai nada disso, não dizem o que fazer se seu jet
por exemplo virar, ou encher de água, ou como rebocar
alguma coisa...etc ..., mas perguntam no exame o que é
boreste ou bombordo, ou quanto silvos você tem que
escutar para entrar no porto etc....mas eu pergunto, quantos
entram num porto de jet ski?
A primeira palavra que a pessoa tem que saber o significado
se quiser conduzir uma embarcação é:
PRUDÊNCIA. Porque afinal você está habilitado
a conduzi-lo, mas não sabe nem como liga! Aí
vem a pergunta seguinte, mas não vem com manual?
E respondo, quem lê manual no Brasil, apenas uma minoria.
Outro fato a ser lembrado, é que basta um exame teórico
para conduzir um jet ou lancha, ou seja, você nunca
entrou a bordo de uma lancha, enjoa só de pensar
no balanço do mar, mas ao mesmo tempo está
apto para conduzi-la no mar e com um monte de pessoas a
bordo! Deveríamos sim ter testes práticos,
tanto para lanchas como para jets, porque tem pessoas que
não tem a mínima aptidão para conduzir
um ou outro. No entanto, alguns do setor náutico
não são a favor do teste prático porque
pode dificultar a habilitação e, consequentemente,
as vendas, mas teste é sim necessário.
Imagine se um piloto de avião tirasse o brevê
só com prova teórica, você iria voar
com ele?
Irresponsabilidade também dos locadores que alugam
sem o condutor ter o Arrais, mas na minha opinião
não que faça muita diferença, pois
vale mais uma boa explicação sobre como conduzir
o veiculo ao condutor, mas lei é lei, se é
obrigatório deveria ser cobrado. Também não
podemos colocar todos na mesma panela, tem muita gente séria
no meio.
De acordo com a entrevista de um bombeiro do Guarujá
exibida na reportagem, houve no verão passado 3 acidentes
envolvendo jet, o que em meu entender, percentualmente não
é muito, se levado em conta o número de usuários
na região. Claro que o ideal é que não
houvesse nenhum, mas qual veiculo está isento de
se envolver em um acidente? Aliás, corrigindo, não
é o jet que se envolve num acidente, e sim o condutor
despreparado ou imprudente que causa o fato.
E sobra para quem??? Para os outros milhares de condutores
que andam dentro da lei, e uma matéria como essa
da TV Record tratou-os como “foras da lei”,
como se fosse altamente perigoso andar de jet e como se
você estivesse colocando todo mundo em perigo!
Esqueceram de citar uma coisa, das centenas de pessoas que
são salvas por eles, tanto nas mãos dos bombeiros
quanto na de usuários convencionais, nas praias,
lagos e rios e enchentes...
Aproveitando o tema, deixo aqui também um lembrete,
que o tal do “PAC” do Governo seja também
estendido para as Forças Armadas...estão precisando!
E também já está na hora de termos
um órgão independente para cuidar da documentação
das embarcações, como um DETRAN e termos uma
polícia naval para fiscalizar esse segmento, deixando
a Marinha para cuidar da segurança do país.
Ou alguém já viu o Exército licenciando
carros?
Na capitania de Santos tem documento que demora até
1 ano para sair, eu mesmo tenho um caso de um cliente que
espera seu documento há oito meses, e não
é o único, fui informado por um funcionário
que eles tem mais de sete mil processos em andamento para
pouquíssimos funcionários. A comunicação
entre as capitanias também é outro assunto,
as vezes o militar te aborda e pede o certificado, as vezes
pede além desse o seguro e termos de responsabilidade!
Será que alguém sabe me dizer para que é
necessário apresentar o termo de responsabilidade
uma vez que você já assinou o mesmo quando
requereu o documento? Uma vez que você tem o documento
é porque já assinou o termo, não é?
Já tive meu jet roubado, por muita sorte achei o
mesmo, mas com outro documento, número de casco adulterado
etc.... Sei que isso acontece até com carros,
motos, até aviões, mas o documento de registro
das embarcações não é feito
nem em papel moeda, e é muito facilmente fraudado
por falsários e afins. No caso do meu jet, foi feito
um documento novo, original e autêntico na capitania
de Itajaí – SC, apesar de ter identificado
a fraude na policia civil, pergunta se alguma coisa foi
feita???
Bom é isso, mais um acidente e nada mudará,
até quando??
Tchello Brandão